A simulação das forças sentidas dentro de um carro de competição fascina qualquer um, desde os apreciadores da simulação, como é o nosso caso, até aos cidadãos mais distanciados destas andanças.
No passado dia 27 de Agosto, a convite do Tiago Ribeiro, fiz um “test drive” ao ImSim no Autódromo do Algarve. A empresa de Coimbra não é estranha aos utilizadores da SRP, fez a sua introdução no grupo de Facebook da SRP e até já colocou ofertas de emprego.
Devo começar por dizer que a minha experiencia com este tipo de equipamentos é limitada e que aqui na comunidade haverá seguramente muita gente com mais conhecimentos e experiencia no assunto, pelo que tentarei, dentro das minhas limitações, dar o meu ponto de vista e partilhar a experiência.
O ImSim não passa despercebido, ostenta elegância aliada a um design muito atrativo sem nunca comprometer o “look Racing”. A cor vermelha é sempre uma boa opção para equipamentos associados à competição automóvel e o ImSim não é exceção, ganha vida quando comparado com o cockpit de cor preta apresentado no website e o nosso primeiro pensamento está associado à marca do “Cavallino Rampante”.
Este tipo de equipamentos é normalmente classificado pelo tipo de movimentos que permite reproduzir. Neste caso o ImSim é um 3DOF, isto é, “3 Degrees of freedom” permitindo os movimentos de Yaw, Roll e Pitch que podem ser observados nas fotos seguintes (fonte).
Yaw Roll Pitch
Como já devem ter percebido, o ImSim é um produto topo de gama e os acessórios que o acompanharam nesta experiencia não ficam atrás:
- Pedais Heusinkveld Race Edition;
- Servo Leo Bodnar;
- Volante real de competição, hub com pastilhas em carbono, espaçador Omp (com opção quick release);
- (4) quatro ButtKickers (mais tarde soube que não estavam ativos quando testei);
- PC munido de (2) duas NVidia 1080Ti em SLI.
Para visualizar, (2) periféricos à escolha: Óculos Rift ou monitor Samsung curve display 4k de 65”.
Não é um equipamento que iremos ver na casa do “simracer” comum e o PVP inicial de 25 000 EUR apenas para o ImSim e 45 000 EUR para o conjunto completo (sem monitor de 65”) retiram quaisquer dúvidas. É importante salientar que o tempo de vida útil dos atuadores é de pelo menos 50 000 horas. Posso adiantar que está a ser desenvolvida uma versão “low cost” que rondará os 14 990 EUR mas ainda não são conhecidos mais detalhes.
Simuladores? A equipa do ImSim disponibilizava 2 simuladores: Project cars 2 (Pcars2) e Assetto Corsa (AC).Devo dizer que foi uma surpresa agradável poder testar o Pcars2 pois tinha visto alguns vídeos e estava bastante curioso…
Decidi começar com os óculos rift e como o Pcars2 tinha acabado de ser utilizado e havia um “setup” preparado, iniciei o “test drive” com o Ferrari 488 GT3 no circuito da casa, Portimão. Antes de iniciar e porque a segurança vem sempre em primeiro lugar há que apertar os cintos! Verdade seja dita, questionei acerca da necessidade de apertar tanto os cintos mas mais tarde iria descobrir porquê…
A nível gráfico, nada a dizer, aliás, o próprio Pcars1 já era muito bom nesta área e com os óculos as diferenças entre Pcars2 e AC não são notórias.
Estava na hora de ir para a pista! saída da box, acelerar até à zona de travagem para a T1 e pé no travão! Depressa percebi a razão pela qual os cintos devem estar bem apertados! Sim a primeira vez impressiona! E quanto mais apertados estiverem os cintos melhor a sensação. Os óculos e o ImSim providenciam uma imersão notável e logo na T2 comecei a sentir o comportamento do carro, na T3 o ImSim arrancou-me um sorriso ao sentir claramente que tinha abusado e já não iria controlar o 488.
Dei algumas voltas ao circuito e posso dizer que é bastante intuitivo ajustar intensidade de travagem, velocidades de entrada e saída das curvas sem ter de estar sempre a olhar para o velocímetro. Um dos problemas apontados a este tipo de equipamentos é a existência de latência na resposta dos atuadores. Devo dizer que não experienciei isso, muito pelo contrário, a reação pareceu ser sempre instantânea. Senti (2) dois ou (3) três “brakes” na imagem, o que é um pouco desagradável, mas nada relacionado com o ImSim. Portimão é um circuito intenso e difícil (minha opinião) pelo que solicitei que mudássemos para Spa Francorchamps, até para mais tarde comparar com o AC.
Em Spa, apesar de “Eau Rouge” não ter corrido da melhor maneira à primeira tentativa, tudo parecia natural… Confesso que não esperava receber tanta informação do ImSim através do Pcars2 e isto não é fácil de descrever. A previsibilidade da reação do carro aumenta exponencialmente com “motion” bem como a velocidade de resposta do piloto. Não estava atento a tempos é verdade mas a palavra que encontro mais adequada para descrever a experiencia é natural. A perceção do desgaste dos pneus é também ela potenciada.
Não há dúvida que os cockpits motion, neste caso o ImSim, colocam a simulação num patamar ainda mais próximo da realidade e não só pelas razões óbvias, transmissão de sensações próximas das que se sentem dentro de um carro de competição, mas também porque torna desagradáveis e pouco intuitivas certas manobras, nada realistas, que por vezes verificamos nas corridas online. A utilização dos óculos intensificam ainda mais esta situação.
Como já estava a utilizar os óculos há cerca de 15 minutos e a sentir-me na fase “um bocadinho antes de enjoar” decidi mudar para o monitor. O Samsung de 65” estava fixo, coisa que aprecio bastante, na minha última experiencia com “motion” o monitor estava acoplado ao “cockpit” e achei que já era movimento a mais. Quando comentei esta situação com a equipa do ImSim descobri que existe um debate em torno deste tema:
Qual a melhor opção para colocar os monitores em cockpits “motion”? Qual será a melhor opção?
- Fixo com imagem fixa
- Fixo e a imagem acompanha o movimento
- Acoplado ao cockpit com imagem fixa
Com o monitor a imersão não é tão acentuada como é obvio, mas é literalmente uma lufada de ar fresco porque não temos nada na cabeça e paramos de transpirar quase instantaneamente. O Samsung de 65” polegadas 4k permite uma experiencia extremamente agradável com excelente definição.
Assetto Corsa vs Pcars2 ? A principal diferença entre AC e Pcars2 consistiu na intensidade da resposta do ImSim. No caso do Pcars2 a resposta era bem mais intensa mas isso seria devido a ajustes de software, convém relembrar que a versão de Pcars2 estava apenas disponível há alguns dias e o AC é um produto que está no mercado já há alguns anos.
Com o AC voltei a usar os óculos alguns minutos e foi um martírio para me adaptar ao carro! As (2) duas primeiras voltas andei completamente aos papeis! À terceira comecei a adaptar-me e apesar da intensidade da resposta ser inferior achei as sensações muito semelhante às obtidas com o Pcars2, tanto em curvas rápidas como “Eau Rouge” ou “Blanchimont” como em curvas mais lentas como “Les combes” ou até mesmo na “chicane”. O tempo não era ilimitado pelo que as condições atmosféricas, temperatura da pista, etc. não estavam ajustadas de forma igual. No caso do Pcars2 já existia um “setup” preparado enquanto que no AC o “setup” era “default”. Senti-me um pouco melhor quando o senhor que se seguiu no AC não conseguiu acertar nas 2 primeiras voltas e tiveram de mexer no setup.
Apenas testei 1 carro com setup preparado mas acho que o Pcars2 promete e estarei atento à estreia deste título!
Resta-me agradecer à equipa do ImSim a oportunidade de fazer o “test drive” e deixar uma recomendação aos utilizadores da SRP, sempre que possam testar equipamentos deste género, testem! As “reviews” e opiniões são úteis, e eu estou bastante curioso para saber a opinião do colega Marc Puch (AussieStig) acerca do ImSim, mas não há nada que substitua o teste na primeira pessoa.
Quem estiver a planear passar o fim-de-semana em Nurburgring pode ir testar o ImSim e muitos outros produtos na SimRacingExpo nos dias 16 e 17 de Setembro.